Detento dá aulas de música para presos na cidade de Leopoldina
LEOPOLDINA
Publicado em 22/04/2016

 

As aulas de música no Presídio de Leopoldina, região da Zona da Mata, ganharam um reforço inesperado. Responsável pelo projeto e também professora de flauta, a assistente social Patrícia Jobim Santos descobriu entre os presos um músico também capaz de ensinar. Foi assim que Sérgio Henrique Filaretti começou a dar aulas de violão e teclado, dando vida novamente à carreira artística iniciada na infância. Ele foi criado no circo e aprendeu logo cedo a tocar vários instrumentos que incorporou nas apresentações de seu personagem, o Palhaço Proveta.

A entrada de Filaretti promete dar um impulso na educação musical no presídio, que começou em outubro 2015, com a chegada de um teclado adquirido pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Em seguida, veio a doação de algumas flautas doces, por uma ONG local, a Osap’s, e três violões, também doados, por Elizabeth Silva, professora da escola do presídio, e, surpreendentemente, pelos presos alunos Carlos Henrique da Silva e Andreson Trevisan.

A assistente social Patrícia aposta que, aos poucos, a turma de quatro estudantes de música do Presídio de Leopoldina vai crescer. Formada pelo Conservatório Estadual de Música Haidée França Americano, de Juiz de Fora, a servidora da Seds acalentava há algum tempo o sonho de dar aulas para os presos. “A música é vida, emoção sentimento, transformação e tudo isto faz uma falta enorme no ambiente carcerário”, explica.

DIRETOR-PENITENCIARIA-LEOPOLDINA-300x276O diretor-geral da unidade, Rodrigo Camargo de Melo (foto), confirma o clima positivo trazido pela música na unidade prisional. “Mais de vinte presos já solicitaram vagas na turma de educação musical. Vamos procurar atender, observando os critérios de classificação e segurança da unidade”, diz.

O segundo professor de música do presídio demonstra ter recuperado o entusiasmo artístico dos tempos que excursionava por vários países, engajado em companhias como o Circo Garcia, o Circo Portugal, o Circo Moscou e o Circo Las Vegas. “Palhaço nunca fica triste, mesmo quando está preso. A música e o Proveta estão aqui para trazer alegria e esperança de uma vida melhor”, diz Filaretti.

Talentos

Os detentos Arnobi Rufino Pimenta e Andreson Trevisan da Silva, ambos com 33 anos, são alunos dedicados nas aulas de violão, instrumento escolhido por eles. Os dois têm em comum não apenas a idade, mas o desejo de levar a sério a música e poder tocar nos cultos de suas igrejas.

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“A música me dá liberdade, sinto-me próximo dos meus filhos”, afirma Arnobi, pai de duas meninas de 14 e sete anos e dois meninos, de 13 e cinco. Já para Andreson, o gosto pela música é uma herança de família. O pai toca cavaquinho e o irmão violão. “A música tira os pensamentos ruins e pode nos trazer paz e tranquilidade”, acredita.

Predomina no repertório das aulas MPB e música religiosa. A turma tem ensaiado Trem das Onze, de Adoniran Barbosa; Cio da Terra, de Milton Nascimento e Chico Buarque e Saia do meu Caminho, de Belchior. Dentre as evangélicas preferidas está Raridade, de Anderson Freire, que os detentos fazem questão de cantar um trecho: “Você é um espelho/Que reflete a imagem do senhor/ Não chore se o mundo ainda não notou/Já é o bastante/Deus reconheceu o seu valor.”

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Fonte: O VIGILANTE ONLINE/Agência Minas.

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