Exposição no Museu Espaço dos Anjos homenageia o artista Luiz Raphael
LEOPOLDINA
Publicado em 26/09/2017

 

O pintor, produtor cultural e professor, Luiz Raphael, é o grande homenageado na Exposição “Relembrando as cores: 10 anos sem o mago”, evento que tem como Curadora a jornalista Márcia Vaz. Luiz Raphael criou com seus próprios recursos o “Espaço dos Anjos”, uma das referências culturais de Leopoldina, que além de preservar a casa onde viveu o poeta Augusto dos Anjos, sedia vários eventos ao longo do ano.

A iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura em parceria com a jornalista Márcia Vaz Barbosa integra a 11ª Primavera dos Museus, com 2,5 mil atividades culturais em 417 cidades de 25 estados e Distrito Federal.

A reportagem do jornal O Vigilante Online foi recebida pela Curadora da Exposição, Márcia Vaz, no Museu Espaço dos Anjos. A jornalista considera que Luiz Raphael Domingues Rosa é o Curador de Honra do Espaço dos Anjos, imóvel que teve os aluguéis pagos pelo artista durante 22 anos. Com isso ele criava muito para conseguir manter os aluguéis e demais despesas em dia, além de contar com o apoio de familiares e amigos.

Por que fazer esta exposição?

 “A ideia da Exposição surgiu porque este ano marca o 10º ano do falecimento de Luiz Raphael”, disse Márcia (foto), contando passagens entre ela e o artista, seu amigo de longa data. “Eu conhecia o Raphael desde que me entendo por gente, por vários motivos: amigos, parentes em comum, ele já foi meu professor eu fui professora dele na Fupac, nós sempre fomos amigos, andamos com a mesma turma, eu frequentava o Espaço dos Anjos, eu participava das festas que ele criava, carnavais, inclusive no pequeno documentário que é exibido na Exposição eu apareço. Enfim, por que eu tive essa ideia? Quando meu filho nasceu, eu encontrei com ele (Raphael) na Pracinha do Urubu, nos sentamos e falei: Raphael, eu tô voltando pra Leopoldina, na verdade eu nunca estive fora de Leopoldina, tive no circuito Rio Leopoldina, mas aí eu ia ficar aqui a semana inteira. Combinamos, fizemos vários projetos, ‘vamos fazer isso, fazer aquilo’, e eu ainda falei pra ele que iria abrir um lugar que teria o nome “Espaço” em sua homenagem, por causa do Espaço dos Anjos. Eu abri o “Espaço Rústico”, que começou a trabalhar com artesanato. Hoje eu trabalho um pouquinho com obras de arte também, e fizemos planos. Ele faleceu dias depois. Eu me lembro que eu estava com dificuldade de escutá-lo, então eu fiquei bem pertinho dele, muito próximo, e fizemos vários planos. E aí eu fiquei com essa dívida com ele. Falei, poxa, nós não fizemos nada. Eu acho ele tão fantástico, cada vez que eu pesquiso, eu busco, eu descubro o quanto ele é mais fantástico, mais genial. Se eu já o conhecia tão próximo, a obra eu comecei a descobrir. Ele escrevia peças de teatro, ele escreveu livro. Eu tive um jornal chamado Via Popular, no qual o Raphael escrevia uma coluna, e a minha sócia Karla Reis guardou os originais que ele escreveu e eles estão expostos aqui. A gente sempre teve muitos laços, não só de trabalho, mas pessoalmente. A gente tinha combinado nessa parte do trabalho pela nossa afinidade pessoal mesmo. Eu fiquei com essa dívida com ele e falei: eu tenho que fazer alguma coisa, eu tenho esse compromisso com ele. E aí conversei com o Elias Fajardo, grande artista, a primeira pessoa com quem eu comentei sobre tudo isso”, contou a jornalista.

Márcia Vaz esclareceu que com o material levantado para esta Exposição, será possível fazer outra “com outro foco, outras obras, com tudo diferente.” Contando com obras inéditas do artista, além de obras que pertencem ao acervo da família de Luiz Raphael, a Curadora da Exposição detalha que quanto mais buscava material, mais ela descobria o quanto ele criou, ele pintou, ele escreveu. “E aí eu fiquei surpresa, porque eu achava que eu conhecia o talento dele, mas era muito maior do que eu imaginava”, confidenciou.

 A jovem Ana Carolina de Paiva Ferreira (foto), 16 anos, estudante do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Equipe, visitou a Exposição “Relembrando as cores: 10 anos sem o mago”. Pela primeira vez naquela Exposição, ela declarou que aquela era a terceira vez que estava na casa onde viveu Augusto dos Anjos e comentou que está querendo chamar alguns amigos: “Achei muito interessante a Exposição. As pessoas não são muito ligadas na cultura. Inclusive eu faço parte de um projeto de extensão social no CEFET que visa muito mostrar a cultura do Brasil, de várias regiões”, justificou Ana Carolina, que não conhecia o artista Luiz Raphael, passando a conhecer sua obra a partir daquela Exposição. A estudante disse ainda que considerou muito bom mostrar as obras de Luiz Raphael e também as obras dos seus alunos”, concluiu.

O acervo em exposição

Segundo a Curadora da Exposição, Márcia Vaz, são 42 obras, entre elas as de Luiz Raphael e também de alguns de seus alunos, quadros estes que tiveram algum toque do artista. “Estes alunos estudaram com o Raphael aqui no Espaço dos Anjos e estão num pequeno documentário trazendo depoimentos desse período, de como eram as aulas, dentre outros aspectos”, disse.

Outro detalhe que mereceu registro pela entrevistada diz respeito ao grande número de visitantes na Exposição. “Muitos dos frequentadores retornaram após a primeira visita, o que é algo bastante positivo”, disse Márcia.

Em 1963, uma das primeiras obras do artista

Márcia Vaz conseguiu resgatar para a Exposição uma das primeiras obras do artista, feita em 1963. “Nos anos 60, Raphael estava focado na natureza. Depois, o casario de Leopoldina foi intensamente retratado por ele”, esclareceu.

Imprensa

Juntamente com a jornalista Karla Reis, a jornalista Márcia Vaz criou na década de 1990 o jornal Via Popular, que circulou durante cinco anos, apresentando artigos assinados por Luiz Raphael.

A aquarela que Raphael criava as cores

Em uma das salas da Exposição encontra-se a aquarela utilizada por Luiz Raphael para criar suas cores. A peça foi doada para Márcia Vaz pelo médico Dr. Maurício Rosa, irmão do artista. Márcia revelou à reportagem sua intenção de criar no Espaço dos Anjos um espaço permanente, dedicado a Luiz Raphael.

Márcia Vaz foi solicitada pelo jornal a falar sobre a sua emoção diante da realização do projeto que culminou com a Exposição em homenagem ao “mago” Luiz Raphael. “Isso aqui é um dos presentes que a vida me deu. Sem palavras. Eu estou muito grata por fazer este trabalho. Gratidão é a palavra que eu consigo lembrar. E eu ainda acho que foi pequeno, ínfimo, perto do que ele foi para Leopoldina. Ele era um amante de Leopoldina, ele pintou Leopoldina, que era a razão da sua vida.”

Neste momento a entrevistada experimenta uma forte emoção, mas prossegue: “Se Leopoldina hoje tem a memória visual de muitos prédios que foram demolidos aqui, é graças a ele. Muitos prédios ainda existem. A gente deve muito ao talento dele, e ele reverteu tudo isso para Leopoldina. Olha só que privilégio nosso”, declarou.

Agradecimentos

Ao final da entrevista, Márcia Vaz fez agradecimentos. “Primeiro, agradeço ao Raphael. Agradeço à Secretaria Municipal de Cultura. Meu projeto foi muito bem recebido pela Secretaria. Muito obrigado ao meu parceiro Cristiano Fófano, à família e amigos de Luiz Raphael.” E acrescentou: “Muitas obras não puderam participar da Exposição pela falta de espaço”, mas tranquilizou as pessoas que disponibilizaram seus quadros e não conseguiram que fossem expostos: “Na próxima Exposição, estas pessoas serão convidadas e participarão.”

Ao relembrar o dia da inauguração da Exposição em homenagem ao “mago”, Márcia disse que estava muito feliz: “Na inauguração da Exposição, no Vernissage, eu percebi que quem conhecia o Raphael se emocionou, pois conhecia seu talento, e quem não conhecia conseguiu entender a sua grandeza. Muitos jovens emocionados. Aquilo foi muito gratificante, porque eu atingi um pouquinho do meu objetivo. Sempre que eu puder bater palmas pra ele eu o farei”, concluiu.

Parte de uma coleção referente a estação ferroviária de Leopoldina, cada quadro relacionado a um dia da semana, está exposta. São obras emprestadas por famílias que cederam os quadros para participarem da Exposição.

Para este trabalho, Luiz Raphael fez a explicação do quadro. Luizinho Neder encomendou este quadro, que destaca os vários integrantes da família Neder.

Uma das obras de Luiz Raphael utilizando o lápis, o que comprova ter sido um artista multifacetado.

O projeto gráfico da Exposição é assinado pelo designer Cristiano Fófano, que visitou a Exposição no sábado, dia 23 de setembro. “Esta também é a primeira vez que visito o Espaço dos Anjos”, comentou, apreciando seu trabalho de designer que ilustra o Museu.

Cândida Botelho, grande amiga de Luiz Raphael, participou do documentário que está em exibição durante a Exposição.

O museu Espaço dos Anjos, localizado na Rua Barão de Cotegipe, 386, Centro, fica aberto de terça a sexta e aos sábados no período da manhã.

 

Fonte: Jornal O Vigilante Online

 

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