A diferença entre carga horária e a produtividade no trabalho
BRASIL
Publicado em 18/11/2024

 

Num momento em que se discute a escala de trabalho 6 x 1 meu pensamento viaja a 24 de julho de 1968, meu primeiro dia como servidor público municipal de Leopoldina e a lição que me foi passada pelo gestor naquele momento, o saudoso senhor Francisco Barreto de Faria Freire.

Ao me entregar o ato de nomeação ele fez questão de ressaltar que ele não era o meu patrão e que eu me tornava a partir daquele momento um ‘servidor do público’. Ou seja, o meu verdadeiro patrão seria aquele que pagava os impostos que no final do mês iria gerar o meu salário. Foram palavras que  ressoaram em minha mente para sempre as quais procurei repassar para os meus colegas de serviço nos 33,5 anos de serviço público municipal. Foram centenas! Alguns, infelizmente, já não estão mais entre nós.

O serviço público municipal tem uma peculiaridade especial onde os cargos ou funções nem sempre são preenchidos por especialistas ou pessoas que tenham recebido treinamento ou que tenham aptidão para atendimento de qualidade para o público, o verdadeiro patrão, o que paga impostos.

Volto ao tema que está em discussão no Governo Federal e no Congresso Nacional,  a  escala de trabalho 6 x 1 com várias propostas de redução na carga horária. Penso que a solução não está somente no número de horas trabalhadas, mas principalmente na qualidade do serviço prestado não apenas no serviço público ou no setor privado, mas também por profissionais  autônomos.

Existem pessoas que passam um dia inteiro cumprindo carga horária sem, contudo, refletir na satisfação do público assim como também existem trabalhadores tão dedicados que num único atendimento, num único gesto, sua presença é tão marcante que arranca sorrisos de quem foi beneficiado.

Também existem os nomeados para cargos de confiança sem a obrigação de cumprir a carga horária estabelecida em lei como também existem dezenas de deslocados da função de origem para a qual são capacitados que poderiam estar sendo mais úteis em vários setores. Os motivos que criam tais situações são os mais diversos, sendo o mais comum a ação de quem tem o poder da caneta.

Aprendi, ao longo da minha jornada no serviço público a tirar proveito das adversidades. Foram lições que contribuíram para enriquecer o meu conhecimento e consequentemente, favorecer o público que dependia do meu atendimento. Não basta o currículo ou o QI (Quem indica).

Desejo que a discussão do tema avance para esse lado em benefício de todos. Afinal, tem que se considerar os dois lados: quem trabalha e quem se beneficia com o bom atendimento.

 

Fonte: Jornal Leopoldinense

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