“O legista me chamou e disse: ‘ainda não está documentado, mas eu posso confirmar para você que foi uma superdosagem e o laudo só vai determinar qual tipo de droga’, que no caso, foi a da quimioterapia”, relatou a esteticista Carolina Araújo, filha do aposentado Nilton Carlos Araújo, de 69 anos. Nilton morreu na última sexta-feira (23), um dia depois de ter sido internado no hospital MedSênior, onde, desde março deste ano, tratava de um câncer na medula óssea.
A morte dele tem gerado uma série de questionamentos que seguem sem respostas. A suspeita da família é que Nillton tenha recebido excesso de medicação para quimioterapia, na sexta-feira anterior, 16 de agosto, quando o enfermeiro responsável pela sessão aplicou quatro injeções de medicamento.
“Ele (enfermeiro) chegou com a bandeja com as quatro seringas preparadas. Era um enfermeiro diferente, porque era uma enfermeira que meu pai estava acostumado e neste dia foi um enfermeiro que aplicou. Eu questionei ele ‘são quatro injeções?’ e ele ‘sim’. Eu penso assim, em qualquer área, quando você é questionado do seu serviço, o correto é ou pelo menos confirmar ou mostrar para a pessoa. Mas não, ele só falou que sim e foi enfiando as injeções no meu pai”, relembrou.
Ao longo da semana o idoso apresentou mal-estar e chegou a ser levado para o hospital, onde recebia medicação e era liberado. Na quarta-feira, dois dias antes de morrer, ele disse à filha que não havia urinado, e isso estaria deixando ele preocupado.
“Eu fui ter certeza que o problema era as quatro doses na quinta-feira (22), quando ele já estava entubado. Daí eu liguei para a médica dele e questionei se estava correta essa dosagem e ela disse que não, que não tinha mudado. Que a dosagem era uma de uma quantidade de miligramas e ainda deixou bem claro, ‘se aplicaram quatro, aplicaram errado’, Ela disse que ”, contou.
A filha do paciente disse que a médica ainda estranhou o ocorrido e disse que o processo é duplamente checado, que passa por diversos profissionais desde a saída da farmácia até a chegada à enfermaria, onde o tratamento acontece.
Por meio de nota, a MedSenior lamentou o ocorrido e afirmou que Nilton recebeu todo o suporte clínico necessário desde que apresentou reações adversas à quimioterapia, incluindo sua transferência imediata para um hospital de referência.
A família registrou um boletim de ocorrência sugerindo um possível erro médico como causa do agravamento do estado de saúde do idoso. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil que informou que após a morte da vítima, o corpo do idoso, de 69 anos, foi encaminhado ao Instituto Médico Legal Dr André Roquette (IMLAR) para ser submetido ao exame de necropsia e, logo após, liberado aos familiares.
A PCMG aguarda a conclusão de laudos periciais e as diligências investigativas seguem a cargo da 2ª Delegacia de Polícia Civil Sul.
Fonte: Jornal O Tempo