Minas pretende ampliar para 54 o número de doenças rastreadas pelo teste do pezinho, mudança que deve acontecer até o fim do ano. Atualmente, o exame oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e executado nos primeiros dias de vida do bebê identifica 15. Até janeiro deste ano eram 12.
Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de intervenção precoce para tratar a criança da forma possível e evitar ou reduzir sequelas. Por isso, um “cardápio” maior de síndromes e condições especiais investigadas também aumenta a possibilidade de descoberta, permitindo que mais meninos e meninas tenham uma vida típica, ou pelo menos com mais qualidade.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o processo de ampliação já está em andamento e envolve diversas etapas, como construção de protocolos clínicos, incorporação de novos medicamentos e terapias, estruturação, adequação e capacitação da rede assistencial e celebração de acordos e parcerias com os municípios e o Governo federal.
Chamado oficialmente de Programa de Triagem Neonatal, o teste do pezinho foi implantado em Minas em 1993, com a triagem para fenilcetonúria (PKU) e hipotireoidismo congênito (HC). Em 1998, de forma pioneira no Brasil, foi incluída a doença falciforme.
Em mais de 30 anos, o exame já analisou a saúde de mais de 7 milhões de bebês e faz o acompanhamento ambulatorial de mais de 7.800 pessoas com alguma das doenças. Hoje, é realizado em todas as 853 cidades mineiras.
Como funciona o teste do pezinho
O teste é feito a partir de gotas de sangue tiradas do pé do recém-nascido, em geral entre o terceiro e o quinto dia após o parto. Quando o bebê é prematuro, são necessárias três amostras para o teste, colhidas no quinto dia de vida, no décimo e no trigésimo.
O material é encaminhado ao Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) do Hospital das Clínicas da UFMG, em Belo Horizonte, para análise. O resultado é disponibilizado no site da instituição e, caso apresente alteração, o município onde o paciente mora é acionado. Consultas e exames especializados são agendados para que seja feita a confirmação do diagnóstico. Se isso acontecer, o bebê é encaminhado imediatamente para tratamento pelo SUS.
De 30 de janeiro a 31 de maio, após a ampliação do Programa de Triagem Neonatal, já foram analisadas cerca de 70 mil amostras de sangue em Minas.
Nesse intervalo, foram detectados 125 casos de 11 das 15 doenças raras. O rastreamento permitiu identificar, por exemplo, sete bebês com atrofia muscular espinhal (AME), um com Imunodeficiência Combinada Grave e um com Agamaglobulinemia (Agama). As três foram incluídas no rastreio no início deste ano e são consideradas graves, podem ser hereditárias ou causadas por alterações genéticas e dificilmente possuem sintomas de imediato. Se corretamente diagnosticadas e tratadas nos primeiros dias de vida da criança, têm recuperação efetiva.
(Com informações da Agência Minas)