BRASÍLIA – O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF) assistiu à final da Champions League, em Londres, no Reino Unido. Ele estava acompanhado na capela inglesa de um segurança pago pela Corte brasileira e que custou R$ 39 mil aos cofres públicos.
O profissional recebeu os valores para acompanhar Toffoli de 25 de maio a 3 de junho. A Champions League é o mais badalado torneio de clubes de futebol. No sábado (1º), em confronto com o Borussia Dortmund, o Real Madrid conquistou o 15º título da competição, ao vencer o time alemão por 2 a 0.
A partida foi realizada no icônico estádio Wembley, em um camarote com o empresário Alberto Leite. Leite publicou em seu perfil no Instagram uma foto ao lado do ministro, mas apagou pouco depois. O registro, com ambos sorridentes, constava em um “carrossel” (post com várias imagens em sequência) no qual aparecem outras personalidades.
A informação sobre Leite e Toffoli em Wembley foi revelada pelo jornal O Globo, enquanto os dados sobre os gastos de segurança foram publicados nesta quinta-feira (6) pela Folha de S. Paulo. Durante a viagem à Europa, Toffoli participou remotamente da sessão de 29 do STF.
O STF não quis confirmar a viagem do ministro e quais foram as agendas dele no exterior. O órgão afirmou à Folha que “nenhuma viagem reduz o ritmo de trabalho e os estudos por parte do ministro, que segue trabalhando em seus votos, em suas decisões e participando das sessões colegiadas”.
A assessoria do STF disse que a orientação do setor de segurança do órgão “é não informar razões e locais de deslocamento”. “Ressalta-se que em nenhuma viagem o ministro recebeu passagens ou diárias do STF”, disse ainda o Supremo, sem confirmar se Toffoli esteve na Inglaterra e por qual motivo.
A Corte já havia desembolsado R$ 99,6 mil de recursos públicos para um segurança acompanhar Toffoli em eventos realizados em Londres, no Reino Unido, e Madri, na Espanha, semanas antes, como a Folha mostrou em outra reportagem.
As informações sobre a ida mais recente de Toffoli a Londres estão registradas em ordem bancária emitida no último dia 27 e localizada nos dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).
Toffoli não divulgou informações de sua agenda nos dias em que o segurança lotado no seu gabinete recebeu pagamentos por viagem para o Reino Unido. O STF pagou cerca de R$ 170 mil, em 2024, em diárias para viagens ao exterior e dentro do Brasil ao segurança de Toffoli.
Empresário patrocinou evento para autoridades do Judiciário em Londres
A assessoria de Alberto Leite disse que o empresário não quer se manifestar sobre a ida ao jogo. Afirmou ainda que não bancou despesas de Toffoli em Londres.
Leite participou, em 2022, de evento que marcou o encontro do então presidente Jair Bolsonaro (PL) com o bilionário Elon Musk, dono do Space X e da rede social X (antigo Twitter). A FS Security, cujo dono é Alberto Leite, foi uma das patrocinadoras do 1º Fórum Jurídico Brasil de Ideias, realizado em Londres, no fim de abril, que contou com a presença de Toffoli e de outras autoridades do Judiciário.
Em 2022, o portal Metrópoles revelou que o ministro Kassio Nunes Marques acompanhou a final da Champions League com despesas pagas por um advogado, que incluíram ida e volta em jato particular. Ele viajou na companhia de um filho. Ambos também assistiram a jogos do torneio de tênis de Roland Garros e ao Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1.
O STF desembolsa US$ 959,40 em diárias para viagens no exterior a ministros e US$ 671,58 para demais beneficiários. Os recursos são pagos antecipadamente, de uma só vez, exceto em casos de afastamentos emergenciais; quando compreender período superior a 15 dias, poderão ser pagos em parcelas, segundo a norma.
A folha lembrou que Toffoli e outros integrantes do STF participaram de eventos na Europa em abril e maio. O ministro foi um dos palestrantes do 1º Fórum Jurídico Brasil de Ideias, realizado em Londres de 24 a 26 de abril e organizado pelo Grupo Voto.
Empresas com ações nos tribunais superiores bancaram palestrantes ou patrocinaram o fórum. Entre elas, estão a indústria de cigarros BAT Brasil (British American Tobacco) — antiga Souza Cruz — e o Banco Master. A imprensa não teve acesso a este evento.
Fonte: Jornal O Tempo