A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em aumentou as restrições para a prescrição e venda do remédio Zolpidem, usado no tratamento para insônia. Com a decisão, o medicamento passará a conter a tarja preta em sua embalagem e o profissional que prescrevê-lo precisa estar cadastrado junto a autoridade de vigilância sanitária local. Segundo a Anvisa, a decisão foi tomada após o órgão verificar um aumento do uso irregular do medicamento.
O médico psiquiatra Almir Ribeiro Tavares Júnior, coordenador da Associação Brasileira do Sono em Minas Gerais (ABS-MG) e do departamento de medicina do sono da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), explica que o Zolpidem é um remédio hipnótico e serve para tratar a insônia e outras doenças do sono. Porém, o seu uso sem acompanhamento médico pode trazer problemas para quem toma.
“O grande problema com o Zolpidem, que é um drama mundial e agora vemos no Brasil, é a automedicação. O zolpidem é um bom remédio e é um avanço em relação a remédios anteriores. Mas, o problema é que as pessoas estão muito imediatistas. Elas acham que qualquer tipo de problema de sono é só tomar uma medicação e está resolvido. Existem problemas sobre o sono que vão desde aqueles causados por hábitos inadequados a exposição a telas antes de dormir. Muitas dessas situações não se resolvem por meio de medicamento ou do zolpidem”, explica.
Almir aponta que um terço da população mundial apresenta algum sintoma de insônia, o que faz com que o zolpidem seja tão procurado. “Esses sintomas geralmente não são uma insônia completa, mas são pelo menos uma insônia parcial. Então, as pessoas acabam querendo essa soluções fáceis, como tomar uma pílula para resolver. Mas a solução passa por uma série de cuidados. As pessoas vão ter que se convencer que precisam gastar um pouco de tempo com o próprio sono, dormindo sete a nove horas por noite, e se preparando para o sono, relaxando e deixando de usar telas à noite”, comenta.
Não é incomum ver relatos nas redes sociais de pessoas que tomaram o remédio à noite, ficaram mexendo na internet antes de dormir e acabaram comprando algo inusitado. No dia seguinte elas acordam sem se lembrar do que aconteceu.
O psiquiatra conta que isso acontece porque o remédio atua no Sistema Nervoso Central, ou seja no cérebro, e pode causar parassonias, que são alterações de comportamento durante o sono. Isso acontece porque a pessoa continua acordada mesmo após o hipnótico começar a fazer efeito. “As pessoas podem ficar com a consciência incompleta. Então, elas agem sem saber, fazem coisas sem estar conscientes daquilo e no outro dia não se lembram tão bem”, explica.
O especialista ressalta que esse efeito é algo esperável para remédios indutores do sono. Por isso, é importante ter um acompanhamento médico no caso de tratamentos que usem esse tipo de medicamento. Para além do acompanhamento, Almir explica que o paciente não pode dirigir ou operar máquinas sob o efeito do remédio, nem misturá-lo com álcool. O psiquiatra ainda chama atenção para o fato de que o zolpidem não serve para tratar ansiedade, como muitas pessoas imaginam. Ele apenas induz o sono.
Com a decisão da Anvisa, o zolpidem passará a conter a tarja preta em sua embalagem e o profissional que prescrevê-lo precisa estar cadastrado junto a autoridade de vigilância sanitária local. Almir afirma, em nome da Associação Brasileira do Sono (ABS), que o órgão tomou a decisão correta ao endurecer as regras para a prescrição e venda do medicamento.
Fonte: Site da Rádio Itatiaia