Conselheiros da Petrobras entram em guerra e geram nova turbulência na disputa pela presidência da estatal
BRASIL
Publicado em 08/04/2024

 

Em um momento em que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é bombardeado por uma ala do governo Lula, conselheiros da estatal entraram em guerra neste domingo (7) e geraram nova turbulência na disputa pelo comando da empresa.

De um lado, conselheiros minoritários se queixam de decisões políticas dentro da estatal e interferência do Planalto. Do outro, conselheiros do governo defendendo seus votos no Conselho de Administração da empresa.

Depois de uma entrevista do conselheiro Marcelo Gasparino a Malu Gaspar, colunista do jornal "O Globo", em que levanta sugere atuação política de conselheiros que representam o governo, Gasparino e o presidente do Conselho de Administração, Pietro Mendes, trocaram mensagens em tom ríspido. Gasparino representa acionistas minoritários da empresa. Pietro foi indicado pelo governo.

Pietro enviou mensagem a Gasparino e disse que ele fez "acusação grave aos conselheiros indicados pela União", citando um trecho da entrevista a "O Globo".

Em seguida, o presidente do conselho pediu uma série de esclarecimentos a Gasparino, entre os quais, que apontasse quais deliberações "foram tomadas com intuito de prejudicar a Petrobras para atender a interesses políticos?".

Pietro também solicitou que Gasparino apresentasse provas do que disse ao jornal.

 

Gasparino respondeu que, como as mensagens foram direcionadas a ele, solicitaria que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) "seja acionada imediatamente pela companhia para apurar eventuais condutas deste conselheiro". A CVM é responsável por analisar a legalidade de práticas empresariais.

Segundo a mensagem de Gasparino, acionar a CVM é o caminho adequado, dado que o presidente do Conselho de Administração afirmou "não ter medo de CVM e de TCU". Mas Gasparino rebateu e disse que o colega tem, sim, medo da CVM, como também da SEC, a CVM dos Estados Unidos.

Pietro respondeu que Gasparino "não determina a sua tomada de decisão e que não é capaz de "apresentar nenhuma prova" do alegado por ele, acrescentando: "Acusação sem provas?".

 

Consequências

 

Depois da troca de mensagens, os dois lados da disputa prometeram tomar providências. Como presidente do Conselho de Administração, Pietro solicitou a abertura de uma apuração no comitê de auditoria estatutária da estatal sobre o que ele classifica de acusações sem provas de que conselheiros do governo tomam decisões políticas e não em defesa dos interesses da Petrobras.

Pietro disse ao blog que esse será o caminho para definir as responsabilidades dentro da empresa, e que o conselheiro Gasparino precisa inclusive nominar quais conselheiros estariam adotando decisões políticas e quais as provas para isso. O comitê de pessoas da estatal vai apurar o caso

 

Já Gasparino disse esperar que a estatal acione a CVM e que ele mesmo deve adotar essa providência, para que fique esclarecido o que está acontecendo na estatal.

 

Neste momento, há uma guerra de alguns ministros do governo Lula contra o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, por causa de investimentos em energias renováveis.

Depois de sofrer críticas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, Jean Paul pediu uma agenda com o presidente Lula para dar esclarecimentos e perguntar qual posição deve adotar.

Diante da guerra pública entre Silveira, que tem o apoio do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e Jean Paulo Prates, Lula chegou a sondar o presidente do BNDES, Aloizio Mercante, para a possibilidade de ele assumir o comando da Petrobras caso Prates saia da empresa.

A última negociação apontava para um meio termo, com Mercadante sendo indicado para presidir o Conselho de Administração da Petrobras. E, neste caso, Jean Paul seguiria na presidência da empresa.

Para o próximo dia 25 de abril está marcada uma reunião para definir o novo Conselho de Administração. Hoje, o governo tem seis indicados, sendo três deles, inclusive Pietro, escolhidos pelo ministro de Minas e Energia. Quatro conselheiros representam os minoritários e um é de indicação dos empregados.

 

 

Fonte: G-1

 

 

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