Remédios ficam até 165% mais caros no país, um dia após reajuste entrar em vigor
BRASIL
Publicado em 05/04/2024

 

Medicamentos ficaram até 165% mais caros no país, após a entrada em vigor do reajuste anual de preços no último domingo (dia 31). A variação foi encontrada pela CliqueFarma, ferramenta que compara preços em farmácias, em levantamento feito a pedido do EXTRA. Isso por que o percentual de reajuste fixado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) foi de 4,5%, mas é aplicado ao Preço Máximo ao Consumidor (PMC) de cada remédio. E como este valor não é praticado pelas farmácias em geral, a margem para subir os preços é muito maior, explicam especialistas.

A Losartana (50mg), de 30 comprimidos, era vendida por R$ 4,85 em uma farmácia no estado de São Paulo no último domingo. Na segunda-feira, no mesmo estabelecimento, o medicamento passou a ser vendido por R$12,86. Mesmo assim, o valor ficou dentro do Preço Máximo ao Consumidor (PMC), que é R$ 77,21.

— Como forma de estratégia de mercado, muitas empresas optam por aplicar seus preços normalmente abaixo do limite determinado pela CMED. Por isso, estas oscilações são facilmente observadas em um momento de reajuste permitido e os aumentos dos valores de medicamentos nas farmácias podem ser maiores do que os 4,5 % autorizados — explica Carina Mattedi, coordenadora do curso de Farmácia do Centro Universitário UniDomBosco.

O aumento além do reajuste pode ser revertido a qualquer momento, no entanto. Isso por que as farmácias, explica o diretor e fundador da CliqueFarma, têm políticas de precificação muito dinâmicas.

— As variações podem ocorrer devido a políticas de precificação de cada estabelecimento, descontos oferecidos, margens de lucro e até negociações com fornecedores ou baixa de estoque de produtos no mercado — diz Angelo Miguel Alves.

A maior parte dos estabelecimentos pesquisados, segundo a CliqueFarma, não subiram seus preços no primeiro dia de reajuste autorizado. O aumento deve ser aplicado de forma gradual, nas novas levas de medicamentos comprados.

Dicas para economizar

 

1. Compare preços entre farmácias e, quando a compra não for urgente, busque preços de uma mesma farmácia em dias e horários diferentes.

2. Barganhe no balcão. Como a precificação de medicamentos é dinâmica, converse com o gerente da farmácia e procure saber se a cobrança feita é a mínima por aquele remédio. Fale sobre as propostas das concorrentes e, se for comprar um medicamento de uso contínuo, negocie um desconto para comprar maior quantidade. Angelo Miguel Alves lembra, no entanto, que é sempre importante certificar-se de que o medicamento tem uma validade longa.

 

3. Consulte preços de genéricos, após se certificar com o médico ou farmacêutico se a troca é adequada, indica Claudio Felisoni de Angelo, do Ibevar.

4. Verifique seus direitos em programas públicos. A professora Carla Beni, da FGV, lembra que a Farmácia Popular tem medicamentos gratuitos ou com uma redução significativa dos preços, e diversas prefeituras fornecem medicações em seus postos de saúde.

 

  • No Rio, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, todas as Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde contam com farmácias onde os usuários podem retirar gratuitamente os medicamentos de uso contínuo, como em casos de hipertensão e diabetes, e outros de uso eventual, como analgésicos e antibióticos. Para retirar o medicamento, é preciso apresentar a prescrição médica e um documento de identidade.
  • Além disso, o Programa Farmácia Popular do Brasil, do Ministério da Saúde, oferece medicamentos gratuitamente ou com descontos de até 90%, em farmácias da iniciativa privada credenciadas. Essas farmácias são identificadas por adesivos ou banners com a inscrição "Aqui tem Farmácia Popular". Para retirar o medicamento nessas farmácias, é preciso apresentar a prescrição médica, um documento de identidade com foto e o número do CPF. Os beneficiários do Bolsa Família têm acesso a todos os medicamentos disponíveis no programa de forma totalmente gratuita.

Fonte: Jornal Extra

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