Segundo a assessoria da Presidência, os objetos foram encontrados "nas diversas dependências" do Palácio da Alvorada
O governo federal informou que encontrou todos os 261 itens do mobiliário do Palácio da Alvorada que foram dados pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como desaparecidos. Os objetos foram encontrados dentro da própria residência oficial da Presidência da República, em Brasília.
A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (20). Logo no início do terceiro mandato de Lula, o suposto sumiço do patrimônio foi motivo de acusações e ataques do petista e da primeira-dama, Janja da Silva, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a mulher dele, Michelle Bolsonaro.
O então "desaparecimento" dos objetos foi utilizado como argumento pelo governo federal para fazer uma compra de várias mobílias de luxo sem licitação, que chegou a quase R$ 200 mil reais. Nesse sentido, foram gastos R$ 65 mil com um sofá e R$ 42 mil para uma cama de casal. A Secretaria de Comunicação Social (Secom) informou que os objetos compõem o patrimônio público da União.
A compra de móveis, inclusive, foi alvo de polêmica em razão de dispensa de licitação, o que foi questionado por parlamentares da oposição junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). O processo foi arquivado pelo relator, Vital do Rêgo, em razão de não cumprir os requisitos de admissibilidade, já que os parlamentares não conseguiram apontar indícios mínimos de sobrepreço, superfaturamento ou malversação de dinheiro público no episódio.
Janja fez tuor para mostrar ausência de móveis e infiltrações
No início de 2023, ainda morando em um hotel, o casal Lula da Silva reclamou da situação que estavam o Alvorada e a Granja do Torto. O petista chegou a acusar, ainda janeiro daquele ano, que Jair e Michelle “levaram tudo”, dando início então a uma intensa troca de farpas.
"Não sei se eram coisas particulares do casal, mas levaram tudo. Então, a gente está fazendo a reparação, porque aquilo é um patrimônio público", afirmou Lula durante café da manhã com jornalistas que fazem a cobertura do Palácio do Planalto.
"Pelo menos a parte de cima [do Palácio], está uma coisa como se não tivesse sido habitada, porque está todo desmontado, não tem cama, não tem sofá. Possivelmente, se fosse dele, ele tinha razão de levar mesmo. Mas, ali é uma coisa pública", concluiu.
Na mesma época, Janja fez um tour pelo Palácio para mostrar ausência de móveis, infiltrações e itens danificados. "O prédio é tombado. Estamos pensando em fazer o tombamento das coisas que estão dentro do Alvorada. Para que não aconteça mais isso, de um governante chegar e retirar as coisas que são patrimônio do Estado brasileiro", disse em janeiro de 2023.
Nesse mesmo período, a assessoria de imprensa da Presidência da República comunicou que 261 bens do patrimônio da residência oficial estavam desaparecidos. Tempos depois, a partir de um levantamento do inventário, os itens do mobiliário caíram para 83 móveis. Já em setembro do ano passado, o trabalho foi concluído e foi constatado que não haviam itens desaparecidos.
A reportagem de O TEMPO Brasília chegou a fazer mais de um pedido de Lei de Acesso à Informação (LAI) solicitando dados do levantamento do inventário, mas a Presidência da República tinha informado que esse trabalho não tinha sido concluído e, por causa disso, não tinha documento a ser encaminhado.
Foto: Ricardo Stuckert/PR/30.10.2015
Fonte: O Tempo