“É o primeiro prêmio que eu estou concorrendo, o primeiro prêmio internacional não precisa nem falar, né? É muito legal, a sensação de um reconhecimento de fora do meu trabalho”, explica Andressa, que entrou para o mercado de dublagem há aproximadamente 8 anos e hoje já soma vários trabalhos, como a dublagem da ovelha Compasso, da animação “Magri e os maluquinhos”, Gamze, da novela turca “Mãe”, e a personagem Penny, do filme “O casamento dos meus sonhos”.
Já Daniel também tem dublagens como o Capitão Bumerangue, na 9ª temporada de The Flash, e Javier Ambrossi, jurado do Drag Race Espanha. Além disso, é o locutor de empresas como Microsoft, Nike, Linkedin, Disney e Warner Bros.
“Tô extasiado. É o maior reconhecimento do mundo dentro da nossa profissão. E sem falar que é Hollywood. Aqueles ídolos que a gente vê na televisão, na Tela Quente, na Sessão da Tarde, vão estar lá, né? Meryl Streep, Viola Davis, Jackie Chan, essa galera toda. Eu, um cara do Bairro Poço Rico, tô aqui, sendo reconhecido pelo meu trabalho. Junto com essa galera. É algo que eu nunca, nunca experimentei algo parecido".
Sons de latidos, beijos e até arrotos
Formada em artes cênicas pela Universidade de São Paulo (USP) e aluna de canto da Bituca Universidade de Música Popular, Andressa Mello tem 29 anos e, em 2015, estreitou relações com a dublagem, iniciando cursos na área.
Acostumada aos palcos de teatro, ela diz ter aproveitado algumas características cênicas e aprendeu também a desenvolver outras mais específicas da dublagem.
“No palco você tem todo um conjunto de ferramentas para passar a mensagem que você precisa. Você tem a voz, as mãos, a sua expressão facial, um jogo de cena, a luz. Na dublagem, para você fazer o seu trabalho, você só tem a voz”. No entanto, características como boa leitura, dicção e o talento para passar a emoção unem as duas profissões, segundo ela.
O grande desafio como dubladora é fazer todos os sons que são feitos com a boca dos personagens em cena.
“Se alguém latir, temos que latir, se alguém dá um beijo, a gente normalmente beija nossa mão ou nosso dedo para ter aquele som. Se alguém arrota, você tem que arrotar”.
Na voz da personagem Derin, a mineira estima mais de 600 horas de trabalho, com aproximadamente seis episódios de 45 minutos gravados por semana.
De acordo com ela, a reclusão exigida nos tempos de pandemia ofereceu oportunidade para descentralizar o mercado, possibilitando trabalhos em estúdios criados dentro de casa, como os que ela tem em Juiz de Fora e Barbacena, onde vive atualmente.
“Os estúdios foram adotando aos poucos um regime híbrido para a gente poder também trabalhar de casa. No finalzinho da novela, eu gravei inclusive em um motorhome, adaptando um espaço e gravando vários episódios viajando pelo sul da Bahia com meu pai. Foi maravilhoso”.
Morando no Rio de Janeiro há 4 meses, Daniel Dazzini, de 36 anos, também acredita que a pandemia possibilitou que os profissionais de voz tivessem mais liberdade para trabalhar, mesmo que não morando em grandes centros.
Antes de mudar-se para o Rio, o seu homestudio em Juiz de Fora permitia conexões com várias partes do mundo. “Trabalho em tempo integral, dublando, gravando, gerenciando projetos em diversos país. O meu QG é o meu estúdio”, brinca ele.
Para Daniel, a familiaridade construída com as pessoas é uma das grandes vantagens da profissão.
“Existe isso da gente ser o famoso desconhecido, das pessoas dizerem que conhecem a gente de algum lugar, sem saber de onde. É gostoso a gente estar na vida das pessoas”.
Outra característica que considera divertida no trabalho é o leque de oportunidades. “É sempre muito dinâmico, a gente nunca faz a mesma coisa. Eu particularmente trabalho com materiais de diversos nichos, desde cursos de técnicas de vendas até, por exemplo, gravando a voz de um coala em um comercial. É sempre muito divertido”.
Fonte: G-1 Zona da Mata