O governo de Minas Gerais enviou um ofício ao Ministério da Fazenda, nesta terça-feira (28), propondo o ajuizamento de uma ação conjunta no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a ampliação do prazo de suspensão da dívida do estado com a União.
Atualmente, a data limite definida pela Corte é 20 de dezembro. Se o estado não aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) até lá, deverá começar a pagar o débito com o governo federal, de aproximadamente R$ 160 bilhões.
Nesta terça-feira, a Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) adiou novamente a votação do parecer sobre o Projeto de Lei 1.202/19, que autoriza o estado a aderir ao RRF.
Deputados da oposição têm obstruído a votação da pauta. Eles defendem o avanço de uma proposta alternativa para o pagamento da dívida, que já está em discussão em Brasília.
No dia 21 de novembro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), apresentou ao presidente Lula (PT) e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um documento com diversas sugestões, incluindo a federalização de estatais mineiras, como Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e Companhia de Saneamento (Copasa).
Em nota, o governo de Minas afirmou que, "apesar de estar aberto a novas propostas que ajudem a equalizar a dívida", o estado e a União precisam se unir "para propor uma negociação federativa que leve em conta o adiamento do prazo de adesão ao RRF determinado pelo STF".
"Caso contrário, sem a aprovação do legislativo, o Governo de Minas teria que desembolsar, apenas em 2024, cerca de R$ 18 bilhões referentes à dívida com a União, cenário que inviabilizaria os compromissos financeiros básicos do Estado, incluindo o pagamento de fornecedores e dos servidores", declarou o Executivo estadual.
O Ministério da Fazenda informou que o ofício enviado pelo governo de MG está "em tramitação interna".
Regime de Recuperação Fiscal
O RRF foi instituído em 2017 durante o governo do ex-presidente Michel Temer. A ideia é que estados em desequilíbrio fiscal tenham acesso a benefícios, como a suspensão do pagamento da dívida, desde que adotem medidas de controle de gastos.
O plano de recuperação fiscal do governo de Minas Gerais prevê medidas de redução de despesas e aumento de receitas, para que, ao fim da vigência do regime, após nove anos, o estado comece a pagar a dívida com a União.
Durante a validade do RRF, MG pagaria apenas os juros da dívida – um total de aproximadamente R$ 123,1 bilhões. Segundo projeção do Executivo estadual, nesse período, o valor devido ao governo federal subiria para cerca de R$ 210 bilhões.
Prevê, ainda, aumento da receita tributária, redução de benefícios fiscais, venda da folha de pagamento do funcionalismo e teto de gastos. O RRF exige ao estado limitar o crescimento anual de despesas ao percentual de variação da inflação.