Quem conta esta história é Tassiane Dias da Silva, 33, que foi contratada como orçamentista há quatro meses em uma gráfica no bairro São Francisco, na região da Pampulha, em BH.
“Eu tenho asma e me preparei para ficar em casa durante a pandemia. Agora, com a queda no número de casos, achei que já era hora de voltar, distribuí currículo e logo fui chamada”, diz satisfeita.
Com uma experiência de 13 anos no mercado gráfico, ela afirma que o setor está bem aquecido, principalmente por causa das eleições. “Na época de campanha tem muita vaga. É claro que as empresas atendem outras demandas, mas, no mercado que atende eleições, o fluxo está muito alto, perfeito para voltar ao mercado”, diz a funcionária.
Tassiane foi um reforço na equipe da Koloro Indústria Gráfica que imprime 30 toneladas de papel por mês, entre revistas, livros, sacolas, caixas para delivery e copos de papel. E, agora, claro, panfletos usados pelos candidatos para divulgar suas ideias e pedir votos.
“Fazemos a impressão de santinhos, santões, adesivos de parachoque, botons, jornais. Os jornais são ideais para levar as propostas do candidato de forma mais clara e de fácil leitura”, explica o dono da empresa Ronymarco Lemos.
E o período da campanha eleitoral, que começou oficialmente nesta terça-feira (16), quando os candidatos podem ir oficialmente para as ruas pedir votos, é o “natal” dos donos de gráficas.
“Tem um ciclo: agora são presidente e deputados; daqui a dois anos tem eleições de novo. E, fora desses períodos, tem o cotidiano do dia a dia, como folhetos de supermercados, material de igrejas”, ressalta Ronildo Oliveira, presidente do Sindicato da Indústria Gráfica de Varginha, ligado à Federação das Indústrias.
Ele analisa o motivo de tanto otimismo do setor para estas eleições: "São materiais de grandes tiragens, como cartazes, revistas, santinhos que têm demandas muito altas e para um público muito grande.Tudo que se fala são em milhões de exemplares.”
As campanhas para o governo, deputados federais, estaduais e senadores têm alcance estadual, o que justifica a grande tiragem. A Koloro atua no mercado eleitoral desde 2016. Nas eleições de 2020, para prefeitos e vereadores, com projeção municipal, os negócios, no entanto, não atenderam as expectativas.
“Confesso que não foi do tamanho que esperávamos, ficou muito pulverizada, mas tivemos um faturamento na casa de R$ 500 mil”, ressalta.
Já nas últimas eleições gerais, em 2018, para os cargos de presidente, governador, senador, deputado federal, estadual o gasto dos candidatos com a propaganda eleitoral foi maior. “Tivemos um faturamento próximo a R$ 700 mil, à época tratava-se de vender o equivalente a 2 meses em 1”, diz Ronymarco.
"Esperamos chegar ao expressivo número de 2 milhões, para isto já contratamos e treinamos funcionários específicos para a criação do terceiro turno”, destaca o dono da empresa, que ainda contrata profissionais free-lancers para algumas atividades básicas como empacotamento.
E, até setembro, o trabalho é puxado nas indústrias gráficas. “Julho, agosto e setembro é um Deus nos acuda. Tem que produzir muito em pouco tempo. O candidato quer ficar famoso”, finaliza Ronildo Oliveira.
Fonte: Hoje em Dia