Desafios no enfrentamento de problemas no trânsito em Leopoldina
LEOPOLDINA
Publicado em 20/04/2022

 

A semana começa em Leopoldina com a realização de dois importantes eventos, além do feriado de Tiradentes na quinta-feira. Até o sábado (23) o Parque de Exposições José Ribeiro dos Reis recebe a 1ª Exposição Regional Girolando Sem Fronteiras e de quinta (21) a domingo (24) a cidade sedia a 16ª edição do Encontro Nacional de Motociclistas, o Motorock. Ambos trazem a positiva expectativa da chegada de visitantes de outras cidades.

A economia do município é beneficiada com eventos como esses, que atraem pessoas. O dinheiro ‘novo’ aquece, por exemplo, hotéis, bares e restaurantes, postos de combustíveis e eventualmente oficinas, borracharias e autopeças, enfim, o comércio em geral e o setor de serviços, etc., dependendo da necessidade e da vontade dos turistas. Artistas, palco, som e luz, segurança particular, barraqueiros, também estão incluídos entre aqueles que se beneficiam com a promoção de eventos.

Outro aspecto, e este é o assunto que queremos enfatizar, refere-se ao aumento do número de veículos em circulação na cidade, não apenas pelo ensejo das festas, mas no dia a dia de Leopoldina.

Estes eventos da semana em Leopoldina podem servir como análise de operações especiais em eventos futuros, como proibição temporária de estacionamento nas áreas centrais, bloqueio de ruas em determinados horários e próximas à concentração do evento especial.

Seria oportuno que as autoridades do Executivo municipal aproveitassem esse período para detecção de problemas de trânsito através de planejamento participativo, com audiências públicas enfocando, por exemplo, o engarrafamento em horário de pico, travessia de pedestres, cuidados especiais em portas de escolas nos horários de entrada e saída de alunos, dentre outras.

Congestionamentos, falta de vagas para estacionamento, desrespeito às leis de trânsito, dentre outros, deixaram de ser problemas esporádicos e passaram a fazer parte da rotina da cidade.

Há também a necessidade de adequação de algumas vias públicas quanto ao sentido do fluxo de veículos. Com melhor planejamento, funcionariam como válvulas de escape e direcionariam o fluxo de veículos para fora da região central. Atualmente, estas vias contribuem para o caos no trânsito, enviando mais veículos para o núcleo do problema.

Cabe acrescentar que já foram aprovadas pela Câmara de Vereadores na legislatura anterior e sancionadas pelo Executivo, duas importantes leis, uma delas criando o Estacionamento Rotativo denominado ‘Zona Azul’ e a outra criando a Guarda Municipal. A atual composição do Legislativo leopoldinense já apresentou Indicações solicitando que sejam colocadas em prática.

Uma efetiva comunicação educativa direcionada aos condutores e pedestres é outra medida que precisa ser deflagrada, sob pena do aumento do número de multas, apreensões e o que é mais preocupante, riscos de acidentes e atropelamentos, uma vez que ambos, condutores e pedestres, contribuem com a desorganização do trânsito.

Tudo isso pode ser corrigido, daí a sugestão para realização de campanhas educativas. Citamos como exemplo a possibilidade de se estabelecer parcerias entre o Poder Público e as Polícias Militar e Rodoviária Federal.

Ao abordarmos esse tema, o fazemos com a intenção de despertar o interesse da opinião pública e provocar o debate qualificado, de maneira construtiva, contribuindo com o progresso da mobilidade urbana em Leopoldina.

Pesquisando junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), obtivemos informações relacionadas ao número de veículos em Leopoldina. Os dados mais recentes disponibilizados pelo IBGE – cuja fonte é o Ministério da Infraestrutura, Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN – referem-se ao ano de 2020.

Leopoldina contava na ocasião, 23.729 veículos, dos quais 13.777 são automóveis, 4.720 motocicletas, 1.778 caminhonetes, 820 caminhões, 563 reboques, 538 camionetas, 419 caminhões tratores, 292 semi-reboques, 283 motonetas, 155 ciclomotores, 146 utilitários, 102 micro-ônibus, 111 ônibus, 11 sidecar, 3 tratores de rodas, 9 triciclos e 2 outros não especificados.

Filtrando estas informações, segundo os dados do IBGE, em 2006 havia 11.101 veículos em Leopoldina e em 2010 eram 14.293, um aumento de 3.192 veículos. Nos 10 anos seguintes esse número cresceu 66% em Leopoldina, saltando para 23.729 em 2020, um crescimento de 9.436 veículos.

Se levarmos em conta somente o total de automóveis entre os anos de 2010 a 2020 houve um crescimento de 8.638 para 13.777, ou seja, 5.139 automóveis a mais nas ruas de Leopoldina no período de 10 anos.

Paralelamente, não houve alternativa para distribuir esse fluxo de veículos pelas principais vias da cidade, em especial na região central, muito acessada pela grande concentração de estabelecimentos comerciais e bancários, escolas, órgãos públicos, etc., além de rota de passagem para se chegar a vários bairros.

Em um breve levantamento feito ao longo da Rua Cotegipe, pode-se observar que o número de vagas para estacionamento de veículos encurtou. Além da existência de pelo menos 8 entradas e saídas de garagens e 1 hidrante, a principal Rua comercial do centro da cidade tem 2 áreas de carga e descarga, 1 ponto de ônibus, duas reservas de vagas para viatura policial e agência bancária, 2 vagas para pessoas com necessidades especiais ou idosos e quatro faixas de pedestres.

As motocicletas também se popularizaram em Leopoldina e ganharam bastante espaço na estrutura de trânsito local, com vagas exclusivas para seu estacionamento. Durante 14 anos o número de motos deu um salto. Foi de 1.788 motos em 2006 para 4.720 motos em 2020.

Perguntar-se-iam o leitor ou a leitora a respeito da importância desses números e antecipando-nos ao questionamento, esclarecemos que nossa intenção é demonstrar a necessidade de alternativas técnicas para respaldar as decisões políticas para que o fluxo de veículos seja considerado uma das prioridades dos dias atuais, sem prejuízo para as ruas e avenidas de Leopoldina, onde a quantidade de veículos atualmente em circulação resulta em congestionamentos, riscos de acidentes, etc.

Conforme o IBGE, a população estimada de Leopoldina em 2021 era de 52.690 pessoas, Cataguases 75.942 pessoas e Muriaé 109.997 pessoas.

Em 2020 Leopoldina possuía 23.729 veículos, dos quais 13.777 eram automóveis; Cataguases estava com 39.270, dentre eles 18.363 automóveis e Muriaé tinha até então 57.818 veículos, dos quais 28.645 automóveis.

A atualização dos números utilizados nesta matéria virá após a conclusão do Censo 2022, que está em desenvolvimento pelo IBGE.

Diante do exposto, acredito que os Poderes Executivo e Legislativo de Leopoldina podem ampliar esse debate, introduzindo o estudo de viabilidade de implantação de ciclovias, identificação e mapeamento em locais com acidentes de trânsito mais frequentes, com consequente estudo localizado para diminuição de acidentes. Em tempo, é preciso considerar o aumento da Lei Seca, principalmente no entorno de eventos regados à bebida e nas estradas circunvizinhas à cidade.

O município conta com as presenças das Delegacias Regionais da Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal, do Batalhão de Polícia e do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, todos eles capazes de orientar, ajustar e participar dessa discussão, inclusive indicando nomes de autoridades em planejamento urbano, engenharia de tráfego, mobilidade e segurança urbana.

Júlio Cesar Martins com informações complementares do Engenheiro de Transportes Dr. Reinaldo Junqueira Lustosa.

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