O prefeito Eduardo Paes publicou na manhã desta quarta-feira uma série de fotos e vídeos que mostram a ação de vândalos espalhando lixo pelas ruas da cidade e impedindo que caminhões da Comlurb realizassem a coleta durante a noite de ontem e a madrugada de hoje. Paes atribuiu a ação a homens ligados a partidos políticos, além do movimento grevista. Durante a manhã de terça-feira, o ex-vereador Babá (PSOL) foi detido por guardas municipais e autuado por estar junto com um grupo ameaçando garis nas ruas do Méier, na Zona Norte do Rio. O político nega.
Uma das fotos publicadas por Paes mostra um print de conversa no WhatsApp, onde um homem identificado como Celio Gari estimulava outros a destruírem caminhões e a espalharem lixo em bairros da Zona Sul, e na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes, ambos na Zona Oeste. Outro vídeo mostra um homem que se identifica como gari e outro que se identifica como metroviário de São Paulo, convocando servidores da Comlurb para a greve.
Investigação por esquema de propina: STJ nega habeas corpus em favor do delegado Mauricio Demetrio, decidindo mantê-lo preso em Bangu
“Esse personagem aí acima é um ex-funcionário da Comlurb nomeado no gabinete do vereador Lindbergh do Partido dos Trabalhadores. Espero que não seja uma posição partidária oficial e sim um gesto isolado de baderna desse parlamentar que tem sua atuação marcada por atos assim. Para completar, lideranças políticas ligadas ao Psol foram importadas de São Paulo para ajudar nos atos de terrorismo, vandalismo e ameaças que fazem contra o Rio nesse momento. Aliás, não é essa gente que vive gritando contra os métodos autoritários do Bolsonarismo?”, escreveu o prefeito.
Por meio de nota (leia a íntegra no fim da matéria), o vereador Lindbergh Farias questionou as acusações do prefeito contra Celio Gari:
"Greve é um direito do trabalhador! O prefeito acusa Celio Gari de praticar atos de vandalismo, mas onde estão as imagens de Celio incendiando lixo ou quebrando caminhões? Para acusar apresenta só prints de conversas de zap", escreveu Lindbergh.
Votação para reajuste: Após policiais militares, civis e bombeiros receberem aumento em gratificação, é a vez dos policiais penais
A assessoria do vereador Lindbergh Farias confirmou que Celio Viana, o ‘Celio Gari’ faz parte da equipe do gabinete do parlamentar. Procurado, Celio disse que os prints de conversas no WhatsApp em que diz ter danificado um caminhão da Comlurb podem ser montagens ou então feitas de propósito por pessoas que foram infiltradas no movimento grevista e estariam vandalizando as ruas.
— Eu acredito que pode ser montagem. Eu não cortei nada, ele precisa provar isso, pois eu jamais iria destruir patrimônio público. O grupo dele e do presidente da Comlurb estão infiltrando pessoas no movimento e esse pessoal que está vandalizando as ruas para que a população fique a favor deles. É normal esse modo de agir do prefeito, nas eleições pede nosso voto e depois nos chama de vagabundos — disse.
Inquérito aberto: Após denúncia de Gabriel Monteiro e adolescente de 15 anos, polícia investiga vazamento de vídeo íntimo dos dois
Um dos líderes do movimento grevista no Rio de Janeiro, o presidente do Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro (Siemaco-Rio), Manoel Meireles, negou que integrantes do movimento estejam envolvidos com as ações de vandalismo. Ela atribuiu as ações a brigas políticas do prefeito e acusou Paes de estar “indo na onda” de terceiros.
— O trabalhador da Comlurb não faz esse tipo de coisa. Isso é catador de lixo atrás de latinha, vândalos, não é gari, não é do movimento de greve. Isso aí é disputa política entre eles, não temos nada a ver com isso. O prefeito está indo na onda de quem fala as coisas para ele. Nosso trabalhador quer aumento salarial após três anos — afirmou Manoel Meireles.
O ex-vereador Babá alegou que não houve prisão ou autuação contra o grupo. No entanto, há um registro de ocorrência feito na 23ª DP (Méier), em que consta o nome do político, João Batista Oliveira de Araújo, e informa que ele e seu grupo foram detidos enquanto ameaçavam funcionários da Comlurb. Babá disse que na verdade estava conversando com garis que trabalhavam na rua, quando agentes da Guarda Municipal chegaram com violência, agrediram e algemaram seu grupo.
— Estávamos fazendo uma vistoria e conversando de modo pacífico com garis que estavam trabalhando. Os guardas municipais chegaram com truculência por ordem do prefeito. Uma tropa de choque com muita violência e nos colocaram na parede como bandidos, algemando e agredindo. Só não me algemaram pois eu argumentei que sou ex-vereador. Nós fomos para a delegacia e os próprios garis levados por eles disseram que apenas conversávamos e nos pediram os documentos, mas fomos liberados em seguida. Não houve autuação ou inquérito, pois não houve comprovação de nenhuma irregularidade nossa — disse.
Uma audiência de conciliação entre a Comlurb e o Siemaco-Rio está marcada para as 15h desta quarta-feira, na sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), pode colocar fim à greve. O Sindicato pede um reajuste de 25% dos vencimentos, enquanto o município oferece 5%. A procuradora que cuida do caso enviou uma oferta a ambas as partes de um reajuste de 6%.
O EXTRA ainda tenta contato com a defesa de Leandro Januárioi.
Leia a nota na íntegra do vereador Lindbergh Farias:
"Quem está fazendo terrorismo é o prefeito Eduardo Paes! Greve é um direito do trabalhador! O prefeito acusa Celio Gari de praticar atos de vandalismo, mas onde estão as imagens de Celio incendiando lixo ou quebrando caminhões? Para acusar apresenta só prints de conversas de zap.
Celio Gari é uma liderança reconhecida desde a greve de 2014, foi injustamente perseguido e tenho a alegria de tê-lo no meu mandato que sempre foi e será um mandato popular à serviço da luta do povo trabalhador. Celio vai processar o prefeito pelas acusações levianas contra ele.
Minha posição é muito clara: todo meu apoio à luta dos garis. Essas famílias não aguentam mais o sufoco pelas perdas da inflação e o reajuste não é só necessário como também é urgente. Mas ao invés de negociar, o prefeito acusa e faz terrorismo para jogar o Rio contra os garis!
Me respeite Eduardo Paes! Eu venho das lutas e tenho orgulho de minha história de vida junto aos trabalhadores e movimentos sociais. Ao criminalizar os garis e chamar a greve de baderna o prefeito se iguala à essa direita que odeia o povo e que age sempre atacando os mais pobres."
Fonte: Jornal Extra