O grupo afirmou que “é obrigação do Poder Público ser rigoroso na observância das regras sanitárias em todos os eventos que já acontecem e vão acontecer na Cidade de São Paulo” e não aceitam alternativas que não seja a de preservar a vida dos paulistanos.
“Todos concordamos que o Carnaval não deixará de ser comemorado, inclusive por Blocos que assim desejarem, mas esperamos que cada grupo ou cidadão que queira celebrar a vida, o faça pensando na melhor forma de preservar a vida! (...) Não admitimos a hipótese de se realizar um evento de ‘Carnaval de Rua’ em lugares contidos, ao ar livre, como o Autódromo de Interlagos, Memorial da América Latina, Jockey Club, Sambódromo e outros. Isso é alternativa do setor privado”, afirmou o documento (veja íntegra aqui).
A carta dos blocos se antecipou à decisão da Prefeitura de São Paulo de cancelar ou não o carnaval de rua da cidade, como já aconteceu no Rio de Janeiro, em Salvador e Olinda.
Segundo o secretário Edson Aparecido, a gestão municipal estudava a possibilidade de transferência dos eventos de rua para locais controlados, como Interlagos e o Memorial da América Latina, onde haveria a possibilidade de maior controle de participantes e exigência do passaporte da vacina com duas doses.
Porém, essa alternativa foi descartada pela gestão municipal na reunião com a Vigilância Sanitária nesta quinta (6). O prefeito Ricardo Nunes chegou a perguntar para as autoridades em saúde se haveria a possibilidade dessa transferência para lugares de acesso mais restrito, mas a Covisa não recomendou a transferência.
As entidades de blocos de rua também afirmam na carta de quarta-feira (5) que esses controles não teriam eficácia para impedir uma explosão dos casos da Covid-19 na cidade.
“Antes do Natal, foram feitas experiências com ensaios restritos em alguns blocos e o resultado foi assustador para muitos deles. Mesmo em lugares abertos, com exigência de uso de máscara e apresentação da vacinação, muita gente dos blocos foi contaminada pela Covid. Isso acendeu o sinal de alerta pra gente de que não dá para confiar apenas nessas medidas para impedir e elevação dos casos da doença”, afirmou Thais Haliski, representante do 'Acadêmicos do Cerca Frango' e fundadora da Comissão Feminina de Carnaval de São Paulo.
“A gente se reuniu e abriu a discussão entre os blocos por entender que é preciso tornar público essa nossa avaliação que eventos fechados com apresentação apenas do passaporte da vacina não vão impedir a proliferação da doença nesse momento”, completou Haliski.
“Nós não queremos ser culpados em março por um descontrole da doença por causa dos festejos de rua. A gente sabe que tem um monte de bloco que ainda não se posicionou e quer que o carnaval aconteça em locais restritos. Mas os cerca de 1/3 dos blocos que assinaram o manifesto dizem que estão priorizando a saúde geral da população na maior crise sanitária do país, que ainda não acabou na cidade”, afirmou o coordenador do Fórum de Blocos de Rua de SP, José Cury, fundador do bloco 'Me Lembra que eu Vou'.
Na carta pública, as entidades de blocos de rua pedem que a Prefeitura de SP encontre alternativas de fomento para os blocos que precisam de ajuda financeira para se manterem ativos em São Paulo, já que a cidade pode ter o segundo ano seguido sem os festejos públicos.
“Convocamos as Secretarias Municipais envolvidas tradicionalmente com o Carnaval de Rua a apresentarem, em nome da Cidade, alternativas realistas e exequíveis para o fomento da Arte, da Cultura e da Economia Informal relacionadas aos Blocos de Carnaval da cada Região de São Paulo, considerando suas necessidades econômicas. (...) Pedimos que sejam oferecidos programas de fomento que alcancem especificamente todos os Blocos inscritos, dentro de uma proporcionalidade referente às suas necessidades, com aferição feita pelos mesmos em comissão constituída pelos atuais Coletivos Carnavalistas da Cidade”, afirmou o manifesto.
Signatário da carta, José Cury afirmou que a gestão municipal precisa chamar os blocos para conversar e pensar urgente em alternativas para fomentar a sobrevivência dos blocos em SP com a ausência do carnaval de rua pelo segundo ano seguido.
"Alguns blocos já protocolaram proposta na Prefeitura para que sejam financiadas pequenas festas nas periferias e sejam achadas outras alternativas para ajudar os grupos. Ideias não faltam, mas desde outubro que a gestão Nunes podia ter chamado os blocos para conversar e pensar num plano B, mas nada foi feito", declarou.
Fonte: G-1