A Pfizer e a BioNTech disseram, ainda, que "planejam compartilhar esses dados" com a Food and Drug Administration (FDA), a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e outras agências regulatórias "o mais rápido possível", mas não anunciaram uma data.
As empresas também anunciaram que "planejam enviar dados do estudo completo de fase 3 para publicação científica", mas também não informaram um prazo para envio.
Objetivo foi avaliar segurança
A Pfizer não afirmou que a vacina é "eficaz“ em proteger as crianças da Covid-19 – mas fez uma comparação na quantidade de anticorpos encontrados nas crianças com a achada em adultos.
A farmacêutica divulgou o que se chama de "resultados de não inferioridade“ – nesse caso, os de que os anticorpos vistos nas crianças foram comparáveis, ou não inferiores, àqueles dos grupos de 16 a 25 anos.
A epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin, em Washington, nos Estados Unidos, lembra que os resultados, até agora, foram divulgados em um comunicado à imprensa – que não contém todos os dados da pesquisa.
"Ficamos no aguardo da publicação. Tudo o que eles estão nos apresentando agora são somente dados de imunogenicidade. Isso se refere somente a níveis de anticorpos", explica.
"Infelizmente, dados de desfechos clínicos [se as crianças ficaram ou não doentes] não foram incluídos. Isso não surpreende, porque o principal objetivo desse estudo foi avaliar segurança“, completa Garrett.
Os dados apresentados mostraram que o título médio geométrico dos anticorpos neutralizantes contra o coronavírus foi de 1.197,6 nas crianças, "demonstrando forte resposta imunológica“ nelas um mês após a segunda dose, de acordo com a Pfizer.
Os pesquisadores compararam o resultado ao que havia sido visto na faixa etária de 16 a 25 anos – que já havia sido medido antes, em outro ensaio. Nesse grupo, o número foi de 1.146,5. Ou seja: o resultado nas crianças foi "não inferior" ao que havia sido visto nas pessoas mais velhas.
"Já que esses níveis são semelhantes aos detectados em pessoas mais velhas – dos ensaios clínicos anteriores, onde houve proteção – espera-se que seja o mesmo com as crianças. O estudo foi para determinar qual a menor dose que levaria à produção de anticorpos que implicaria proteção", explica Garrett.
Vacinação em adolescentes
No Brasil, a vacina da Pfizer pode ser usada em adolescentes a partir dos 12 anos, segundo autorização concedida em junho pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ela é a única que pode ser aplicada em menores de idade no país até agora.
Estudos já comprovaram a eficácia da vacina nessa faixa etária. Vários países aplicam a vacina da Pfizer em adolescentes – como Alemanha, Bahrein, Canadá, Chile, Cuba, Estados Unidos, Equador, França, Hungria, Israel, Itália, México e Portugal. Em outros, a imunização desse grupo é feita com a vacina da Moderna, como na Argentina.
Antes da mudança de regra, ao menos 22 estados e o Distrito Federal já haviam começado a vacinar essa faixa etária contra a Covid-19 sem determinar outras restrições – como comorbidades ou gestação.
Para justificar a decisão, a pasta afirmou que "os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente definidos".
Ao menos 20 capitais e o Distrito Federal anunciaram, no fim de semana, que vão continuar vacinando a faixa etária de 12 a 17 anos.
Fonte: G-1