Dispositivos como celulares e computadores foram desmontados no Japão reutilizar ouro, prata e bronze, presentes em componentes como as placas de circuito.
Smartphones e PCs possuem pequenas quantidades dos metais utilizados nas medalhas em suas placas-mães, que são a base para conectar outros itens, por exemplo.
Para conseguir fazer aproximadamente 5.000 medalhas para os Jogos, a organização do evento precisou recolher uma quantidade enorme de lixo eletrônico.
Foram mais de 6 milhões de telefones celulares usados e mais de 78 toneladas de computadores, tablets, monitores e outros aparelhos antigos ou quebrados.
Isso porque a quantidade de metal presente em um único aparelho é muito pequena, como explica Tereza Cristina Carvalho, membro do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e pesquisadora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
"É uma quantidade muito pequena de ouro e de cobre [nos aparelhos]. Esse volume vem diminuindo gradativamente com o avanço da tecnologia porque os metais são recursos não renováveis. Então, as empresas vêm desenvolvendo tecnologia para fazer as conexões com a quantidade cada vez menor deles", disse ao G1.
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As medalhas pesam praticamente meio quilo, mas a composição de cada uma varia:
- as de ouro são feitas com 550 gramas de prata reciclada coberta por 6 gramas de ouro, também reciclado;
- as de prata são produzidas 550 gramas do próprio material;
- as de bronze possuem 450 gramas de bronze vermelho.
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As coletas foram realizadas nas lojas da NTT DoCoMo, principal operadora de celular país. Além disso, mais de 90% das autoridades municipais em todo o país (um total de 1.621) atuaram como pontos de entrega de dispositivos eletrônicos.
Os dispositivos foram recolhidos entre abril de 2017 e março de 2019 em mais de 18.000 locais espalhados pelo Japão.
No total, foram extraídos a partir do lixo eletrônico:
- 32 quilos de ouro;
- 3.500 quilos de prata;
- 2.200 quilos de bronze.
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Como funciona a reciclagem eletrônica?
O processo de aproveitamento não é simples, segundo a engenheira do IEEE, já que as placas de circuito impresso são feitas de sílica e outros materiais.
"Existe uma técnica de transformar aquilo em pó, triturando a placa. Depois, por meio de decantação [método de separação de misturas heterogêneas] é possível separar os metais. Mas não é uma coisa fácil", disse ela.
Após essa separação, os metais são levados para fornalhas que os derretem para ganharem novos moldes e usos.
Antes de tudo isso, porém, é preciso desmontar os aparelhos eletrônicos. E tudo é feito de forma manual, já que computadores, celulares e outros dispositivos não possuem projetos padronizados.
Fonte: G-1